segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Conheça a missão integral da Igreja

Publicado em: 23/1/2012
Por: Jânio Santos de Oliveira
Presbítero e professor de teologia da Igreja Assembléia de Deus Taquara - Duque de Caxias - RJ
mensagemdemissoesdopresbjaniosantos.blogspot.com



Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus, a Paz do Senhor!

Que é missão integral? O que envolve a missão da Igreja a ponto de investigarmos o que é mito e o que é realidade?

Na procura de respostas para estas e outras perguntas semelhantes é que este estudo veio a lume. Não é um trabalho original e nem exaustivo.

Não é original porque missão integral já faz parte da discussão teológica da Igreja há algum tempo. Não é exaustivo porque o número de teólogos, missiólogos e pensadores que têm escrito e palestrado sobre a missão da Igreja, e em seus vários aspectos, é enorme.

I. O QUE É COMISSÃO CULTURAL?

- “Comissão” é o “ato ou efeito de cometer, de encarregar, de incumbir”. “Comissão”, portanto, é uma incumbência, uma carga, uma responsabilidade que se dá a alguém, uma tarefa que se determina a alguém.

- Quando falamos, pois, em “comissão”, desde logo percebemos que estamos a falar de uma relação em que alguém, por ter condição superior, ordena a outrem que faça algo, que assuma alguma responsabilidade, que venha a executar alguma tarefa. Tem-se, pois, nitidamente, uma relação “de cima para baixo”.

- Quando se fala em “comissão”, pois, tem-se que estamos a falar de um relacionamento entre Deus e os homens, um relação vertical (isto é, “de cima para baixo”), visto que Deus é o Senhor, ou seja, o dono de todas as coisas que existem, eis que é delas o Criador (Sl 24:1).

- Quando Deus criou os céus e a terra, diz-nos a Bíblia Sagrada, também criou o homem, ser criado de forma singular, diferente das demais. Enquanto os demais seres terrenos foram criados pelo poder da Palavra, em relação ao homem, o Senhor fez de modo diverso, tendo, Ele próprio, formado o homem do pó da terra e soprado em suas narinas dando-lhe o fôlego de vida (Gn 2:7).

- Esta diferença na criação do homem justifica-se pelo fato de que Deus, também, em relação ao homem, tinha uma tarefa diversa, distinta da dos demais seres criados sobre a face da Terra. Ao vermos a decisão divina para criar o homem, entendemos esta distinção.

- Ao resolver criar o homem, Deus determinou que o homem fosse o “dominador” de toda a criação terrena, que, por ter a imagem e semelhança de Deus, estivesse sobre toda a criação terrena, como um “mordomo” do Senhor de todas as coisas sobre a face da Terra (Gn 1:26-28).

- Deus, então, deu ao homem a tarefa de dominar sobre a criação terrena, de ser “mordomo” do Senhor sobre a Terra, tanto que, ao formar o jardim no Éden onde pôs o homem, deu-lhe a tarefa de cuidar daquele jardim, de lavrá-lo e guardá-lo (Gn 2:15).

É esta tarefa de cuidar da criação terrena, de dominar sobre os demais seres da Terra, de ser o “mordomo” de Deus sobre a face do planeta que se denomina de “comissão cultural”.

- “Comissão” bem sabemos por que, já que se trata de uma tarefa, de uma incumbência, de uma responsabilidade que Deus deu ao homem, mas por que “cultural”?

- Cultura, como ensinam os antropólogos (a Antropologia é a ciência que estuda o homem na sua totalidade, ou seja, o homem e a suas obras, tendo como conceito fundamental o de “cultura

Assim, a cultura é um conjunto de idéias, abstrações e comportamento que os homens têm numa determinada sociedade.

- Ao determinar que o homem cuidasse da criação terrena, tanto lavrando como guardando o que havia criado no jardim do Éden, o Senhor deu ao homem condições para que, dentro da inteligência com que havia dotado, tomasse iniciativas que o permitisse executar a tarefa deixada por Deus a ele.

Não foi por outro motivo que o Senhor mandou que Adão desse nome aos animais (Gn 2:19,20), precisamente para que, através deste gesto, o homem tivesse consciência de duas verdades, a saber: a de que era superior aos demais seres terrenos (o ato de “dar o nome” reflete esta superioridade, esta autoridade) e a de que havia sido criado com inteligência, tendo, pois, criatividade, ou seja, a capacidade de criar coisas a fim de executar a tarefa que lhe havia sido dada, cometida pelo Senhor.

- Esta “criação humana”, ou seja, esta série de comportamentos, condutas e modos de viver surgidos a partir da inteligência humana, criações estas que têm por finalidade precisamente o cumprimento da tarefa deixada pelo Senhor ao homem de dominar sobre a criação terrena é o que compõe a “cultura”.

- Por isso, a tarefa deixada por Deus ao homem para lavrar e guardar o jardim do Éden é uma “comissão cultural”, pois se trata de uma tarefa, de uma incumbência que o homem deveria cumprir a partir do exercício da sua inteligência, daquela diferencial que Deus deu ao homem precisamente para cumprir aquilo que Deus lhe determinava fazer.

É, portanto, uma “comissão cultural”, uma tarefa que deveria ser cumprida a partir da “cultura”, ou seja, de todas as condutas, comportamentos e atitudes que o homem empreenderia para executar a tarefa que lhe havia sido cometida por Deus de “lavrar e guardar” a Terra.

II. A MISSÃO INTEGRAL DA IGREJA

1.2. A realidade da missão integral da Igreja

Em contrapartida ao mito da teologia de missão integral da Igreja, destaquemos dois fatores que, em nossa opinião, expressam bem a realidade dessa missão. a. A missão da Igreja é holística e diaconal Por mais óbvia que pareça esta afirmação, sabemos que a ortopraxia da missão integral não é tão óbvia como deveria ser. Não é fácil inculcar na cabeça do nosso povo que o envolvimento da Igreja deve ser total. Não só no que se refere ao indivíduo, mas também à criação de Deus em geral. Onde está, por exemplo, a consciência ecológica da Igreja?

Além disso, a Igreja como sal da terra e luz do mundo deve fazer a diferença nos vários setores da sociedade, principalmente no socorro aos menos favorecidos. A injustiça social, verdadeira afronta contra a imagem e semelhança de Deus, tem solapado nosso país e a Igreja muitas vezes tem se afastado como se nada tivesse com isso. É verdade que a Igreja não é uma instituição político-partidária que deva defender qualquer bandeira política. É mais que isso. Ela é uma instituição divina suprapartidária.

Quando se coloca o pobre e o rico lado a lado, em se tratando de benefícios a serem recebidos, o primeiro sempre sai perdendo. É preciso sim que os pobres desse mundo recebam um tratamento preferencial porque foi assim que Deus os tratou na Bíblia, como veremos mais adiante.

Esta dimensão envolve o impacto que o ministério reconciliador da igreja exerce sobre o mundo, o seu grau de participação na vida, conflitos, temores e esperanças da sociedade e a medida em que seu serviço ajuda a aliviar a dor humana e a transformar as condições sociais que têm condenado milhões de homens, mulheres e crianças à pobreza. Sem esta dimensão a igreja perde sua autenticidade e credibilidade, pois somente na medida em que conseguir dar visibilidade e concreticidade à sua vocação de amor e serviço ela pode esperar ser ouvida e respeitada.

b. A missão da Igreja é bíblica

Quando dizemos que a missão integral da Igreja é bíblica, significa que ela (a missão integral da Igreja) não é uma filosofia cega ou um modismo passageiro. A missão da Igreja não é filosofia e muito menos modismo. É uma verdade bíblica que precisa ser resgatada e praticada em sua totalidade. A Bíblia não existe para o deleite de nossa mente carnal.

A integralidade da Igreja é bíblica e se baseia na missão integral de Deus. A missão integral da Igreja é ampla, assim como é ampla a missão integral de Deus, visto que a dimensão dessa missão é vertical e horizontal. O compromisso da Igreja com Deus (vertical) resulta nela um compromisso com a criação em geral e com o ser humano em particular (horizontal).

III. A BASE BÍBLICA E TEOLÓGICA DA MISSÃO INTEGRAL DA IGREJA

a. A missão integral na Bíblia

A missão integral tem raízes bíblicas profundas.

Tanto no Antigo como no Novo Testamentos a Bíblia ordena à igreja que ministre à pessoa como um todo. Isto quer dizer que se deve atender tanto às necessidades físicas como às espirituais, que estão inseparavelmente relacionadas, ainda que sejam separadas em termos funcionais.

No capítulo anterior mencionamos que a missão integral da Igreja é ampla. Isso é verdade. Por isso mesmo nosso objetivo agora será tratar, à luz da Bíblia, apenas de um dos aspectos da missão integral, isto é, aquele que está diretamente relacionado à pessoa do indivíduo ou, mais especificamente, aos pobres deste mundo.

Segue abaixo uma abordagem resumida sobre o assunto.

a. No Antigo Testamento

Se folhearmos as páginas do Antigo Testamento veremos que existe uma clara opção preferencial de Deus pelos pobres e oprimidos. Isto não significa que Deus faça acepção de pessoas ou de classe social. De modo algum! Mas com certeza Ele olha de maneira especial para aqueles que não têm vez, que não têm voz. Só no AT nós temos 300 referências sobre causas, realidade e conseqüências da pobreza.

Vinte e cinco palavras hebraicas para falar do oprimido, do humilhado, do desesperado, do que clama por justiça, do fraco, do desamparado, do destituído, do carente, o pobre, a viúva, o órfão, o estrangeiro.

Em Isaías 58.3-8, quando o povo de Deus pergunta: "Por que é que nós oramos e jejuamos e tu não nos respondes?", Deus diz: "É porque vocês jejuam e oram para a iniqüidade, vocês estão oprimindo os pobres, e seus próprios operários, e o jejum que eu quero, é que vocês cortem as ligaduras da impiedade, é que ajam com justiça em relação aos desamparados". ( Is 1.17; 10.1,2).

Ezequiel 16.49 afirma que o pecado de Sodoma, além do orgulho, da vaidade e da imoralidade era que aquela cidade, sendo rica e abastada, nunca atendeu o pobre e o necessitado. Se olharmos na legislação do povo de Deus no Velho Testamento, veremos que o objetivo de toda a legislação era que não houvesse miseráveis e injustiçados no meio do povo de Israel.

b. No Novo Testamento

Jesus Cristo é a revelação máxima da missão integral de Deus no mundo. No início de seu ministério terreno o Senhor Jesus deixou bem clara a sua missão quando declarou: "O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para por em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor" (Lc 4.18,19).

Em Mateus 4.23 lemos também: "Percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades entre o povo".

E ainda em Mateus (cap. 25) notamos que além da questão do se "fazer igualmente a Cristo", a nossa atitude para com os desfavorecidos deste mundo será um critério importante de julgamento no Juízo Final.

Os apóstolos deram continuidade ao tema da missão integral de Jesus em seus ministérios. (At 5 , 6).

Em Jerusalém as três colunas do colégio apostólico (Pedro, Tiago e João) recomendaram a Paulo e a Barnabé que não se esquecessem dos pobres, "o que também me esforcei por fazer", diz o apóstolo em Gálatas 2.10.

Várias igrejas foram orientadas por cartas a agirem com a mesma visão de integralidade bíblica dos apóstolos. Destacamos, dentre outras, as igrejas de Corinto (II Co 8 e 9), da Galácia (Gl 6.2-10) e das doze tribos da dispersão (Tg 2. 1-7,14-26; 5.1-6).

b. A missão integral na teologia contemporânea

No Antigo Testamento Javé é o Deus soberano sobre toda a sua criação. Esta imagem de Deus está no coração do Novo Testamento também. Um Deus soberano e misericordioso é o ator último das parábolas de Jesus. É este Deus salvador que alcança além das leis judaicas. Sua aproximação do homem exige a atitude de conversão. O seu reino tem um escopo universal até cósmico. Os marginalizados, mulheres, samaritanos, e gentios recebem a misericórdia de Deus.

Deus tem um plano salvífico que alcança tanto judeu quanto gentio, e Ele vai cumpri-lo. A confiança no cumprimento do seu plano dá a igreja motivação para perseverar até o fim.

O Deus da Bíblia é o Deus que age na história. Não é principalmente apresentado como um conceito ou idéia, uma doutrina que podemos elaborar. Ele é, acima de tudo, pessoal e age nos eventos e experiências concretas das nossas vidas. Deus não se restringe a uma dimensão mística da nossa vida.

Atua através do êxodo, do dilúvio e do cativeiro no Velho Testamento, todos eventos históricos até "seculares". Ele atua através da vida humana do seu filho Jesus, através da sua morte e ressurreição, eventos bem visíveis que fazem parte da nossa história.

É na nossa história humana que Deus se revela e o faz com movimento para frente. Percebemos, através da história, a sua conclusão. Assim, a perspectiva cristã da história é essencialmente escatológica. A humanidade está indo na direção do cumprimento, julgamento e salvação, e este movimento entrou na sua fase final com a ressurreição de Cristo. Hoje é o dia da salvação.

Porque há um mundo, uma igreja e um evangelho, a missão cristã não pode ser outra coisa que missão realizada em colaboração mútua. Chegou o momento de encontrar maneiras de reduzir a distância entre as igrejas no Ocidente e no Terceiro Mundo.

Já há experiências úteis que estão sendo levadas a cabo com este propósito, mas é necessário fazer muito mais para desenvolver modelos de solidariedade acima das barreiras políticas, econômicas, sociais e culturais, e para estimular a colaboração mútua entre as igrejas.

O desafio que a igreja encara no campo de desenvolvimento hoje é fundamentalmente o desafio de um desenvolvimento humano, no contexto da justiça. Fazem falta modelos de missão plenamente adaptados a uma situação marcada por uma distância abismal entre ricos e pobres. Os modelos de missão baseados na riqueza do Ocidente solidarizam-se com esta situação de injustiça e condenam as igrejas do mundo pobre a uma permanente dependência. No final das contas, portanto, são contraproducentes para a missão.

O desafio tanto para os cristãos no Ocidente como para os cristãos nos países subdesenvolvidos é criar modelos de missão centrados num estilo de vida profético, modelos que apontem para Jesus Cristo como Senhor da totalidade da vida, à universalidade da igreja e à interdependência dos seres humanos no mundo.

IV. OS DESAFIOS E IMPLICAÇÕES DA MISSÃO INTEGRAL DA IGREJA

a. Desafios da missão integral da Igreja

Os desafios que agora mencionaremos tratam da igreja brasileira em solo brasileiro. Dividimo-nos em duas partes distintas, isto é, os desafios sociais e os desafios eclesiais.

a. Os desafios sociais da Igreja

Não são poucos e nem pequenos os problemas sociais brasileiros. A igreja evangélica brasileira tem desafios enormes nesta área. Porém, de início é preciso que encaremos com seriedade e maturidade o dilema de até onde podemos e devemos nos envolver nestes desafios. Que a igreja evangélica brasileira não deve se esquivar de sua missão integral, é o nosso comum acordo com a declaração de Lausanne:

Embora a reconciliação com o homem não seja reconciliação com Deus, nem a ação social evangelização, nem a libertação política salvação, afirmamos que evangelização e o envolvimento sócio-político são ambos parte do nosso dever cristão.

Há muita confusão sobre a natureza da confrontação e da violência. Confrontação é simplesmente a atividade entre seres humanos na qual eles discordam, e devido a esta discordância, estão desafiando uns aos outros. A palavra significa literalmente "testa-a-testa" - isto é, as testas colocadas fisicamente uma contra-a-outra. É um encontro face a face, direto, procurando o fim da resolução.

Por outro lado, violência é o exercício da força física, a fim de ganhar uma disputa. Enquanto a confrontação é verbal, a violência é física. De uma forma mais profunda, essas palavras não são sinônimas, e sim antônimas, pois, em sua própria natureza, um ato de violência é a indicação de que a confrontação falhou. A confrontação boa e eficaz nunca deve levar à violência, mas à resolução do problema.

É nesse espírito de verdadeira confrontação que a Igreja deve encarar seus desafios sociais, com propostas terapêuticas para uma sociedade enferma. Portanto, empenhemo-nos pela dignidade do povo brasileiro. Reivindiquemos, pois, os seus e os nossos direitos: Saúde, segurança, educação, trabalho e salário digno.

E até onde podemos e devemos ir nesta questão toda? Até onde os direitos sejam verdadeiramente assegurados, o amor ao próximo evidenciado, a moral dignificada, o evangelho e o bom testemunho não sejam prejudicados e, sobretudo, o nome de Jesus seja glorificado.

O governo tem (e como tem!) suas culpas e responsabilidades, mas não podemos ficar indiferentes ao que ocorre em nossa volta, simplesmente criticando por criticar o governo. Pesa (e como pesa!) sobre o povo de Deus também a responsabilidade pelo bem-estar social do nosso país.

b. Os desafios eclesiais da Igreja

Certamente um dos maiores desafios da igreja brasileira na atualidade é vencer seus próprios desafios. Tentarei explicar esta minha tese.

Os desafios sociais da igreja brasileira não são combatidos e vencidos como deveriam porque falta vontade eclesiástica por parte da mesma. Ou porque a liderança não se empenha, ou porque os liderados não se envolvem na obra. O certo é: Se não chegarmos a um consenso; se não juntarmos forças, jamais sairemos do lugar comum. Continuaremos marcando passo, salgando a nós mesmos e iluminando nossos umbigos.

Uma lição é preciso aprender com a igreja de Jerusalém. A igreja de Jerusalém estava consciente de sua missão no mundo. Era uma igreja unida em seus propósitos e se amava de verdade. Internamente ela estava pegando fogo, desejosa de pregar o evangelho, em obediência ao mandado de Cristo.

Porém, externamente os desafios eram humanamente insuperáveis. Pilatos, Herodes e muita gente se levantaram contra a Igreja de Deus. Então a Igreja orou: "agora, Senhor, olha para as suas ameaças e concede aos teus servos que anunciem com toda a intrepidez a tua palavra, enquanto estendes as mãos para fazer curas, sinais e prodígios por intermédio do nome do teu santo Servo Jesus" (At 4.29,30).

E Deus atendeu ao clamor de sua Igreja (At 4.31). Atendeu porque a Igreja deixou de lado seus próprios interesses para servir ao mundo. Hoje, o que muito se vê, à nível de igreja local, é a própria igreja criando obstáculos para não fazer a obra do Senhor. Externamente desfruta-se de uma liberdade religiosa como nunca se viu, mas internamente muito de nossas igrejas estão enfermas, quando na verdade eram elas que deveriam estar curando!

A seguir daremos duas sugestões práticas para que esse quadro sombrio possa se reverter.

b. Implicações da missão integral da Igreja

As implicações que aqui abordaremos não deixam de ser verdadeiros desafios para a igreja brasileira, porém, entendemos que estes desafios são implicações naturais para uma igreja que queira verdadeiramente cumprir sua missão integral.

a. A revisão de estruturas não-funcionais

O que muito tem contribuído para um mau desempenho da Igreja em sua missão integral é a falta de estruturas que funcionem. Estruturas enrijecidas pelo tradicionalismo matam ou impedem a visão de uma igreja.

A quebra de paradigmas é uma das coisas fundamentais para que a estrutura de uma igreja se torne funcional. Às vezes é preciso muita coragem para mudar certos parâmetros que já não funcionam mais. À primeira vista parece fácil mudar aquilo que se tornou obsoleto, mas não é tão simples assim.

b. A reafirmação do compromisso missionário
Aquelas igrejas que um dia receberam orientação missionária, se não forem constantemente lembradas daquele compromisso, rapidamente minguarão.

E como revitalizar uma igreja que começou com tanto entusiasmo por missões e de repente esfriou? Em primeiro lugar é preciso reconscientizar a igreja de sua missão no mundo. Em segundo lugar é preciso conscientizá-la de que ela está no mundo para servir o mundo integralmente.

Se a igreja chegou a se empolgar com missão algum dia, é sinal que ela tem potencial para fazer, com a graça de Deus, o que fez antes. Sermões e estudos bíblicos missionários, filmes específicos como As Primícias, Etal e Atrás do Sol, além do auxílio de uma boa agência ou junta missionária, com certeza produzirão novo alento. Geralmente a frieza por missões acontece por causa da rotina. Uma vez que o mal foi detectado é necessário que seja combatido com atividades variadas.

O mais importante é que a igreja seja cientificada de que sua missão no mundo é integral. Evangelizar não é simplesmente distribuir folhetos como alguns pensam, mas sim, atender o indivíduo na totalidade de suas necessidades. Por isso mesmo, a Igreja nunca deveria deixar se levar pela prática do paternalismo e assistencialismo paliativos, porém, deveria partir sempre para uma ação social transformadora, do indivíduo e da sociedade, para a honra e glória de Deus Pai.

Cada igreja deve refletir sobre sua motivação em praticar evangelismo e ação social, e todas as atividades nestas direções devem estar debaixo do serviço a Deus em primeiro lugar

A missão integral da Igreja é basicamente evangelização e ação social. Dizemos "basicamente" porque a missão integral da Igreja é na verdade universal. Abrange vários aspectos. Evangelizar é a sua qualidade primordial.

A Igreja que troca a evangelização por qualquer outra responsabilidade social está fora de propósito e, portanto, descaracterizada como igreja de Jesus Cristo.

A missão integral flui de um Evangelho integral e de um povo integrado. Há um grande perigo de transformarmos a missão da igreja em um conjunto de ‘projetos’ e ‘programas’ especiais, se a chamarmos de ‘evangelismo’ ou de ‘ação sóciopolítica’, e, então, procurar por maneiras de integrá-los metodologicamente. Em vez disso, a missão da igreja está localizada na fidelidade e na suficiência do seu testemunho em Cristo.

Nosso negócio principal não é nem apoderar-nos dos sistemas do mundo nem de maximizar os membros da igreja em números.

Ademais, precisamos nos lembrar de que a maneira principal com que a igreja age sobre o mundo é através das ações de seus membros no seu trabalho e relacionamentos diários com pessoas de outras convicções.

Uma congregação com projetos imensos de bem-estar social ou muitas equipes de ‘implantação de igrejas’ pode ser bem menos eficaz em uma sociedade secular do que as congregações que não têm nada dessas coisas, mas treinam os seus membros para obedecerem Cristo,nas diferentes áreas da vida cívica, nas quais estes são chamados.

A ‘missão integral’ tem a ver com esta questão básica de integridade da vida da igreja, a consistência entre o que a igreja é e o que ela proclama. Com este entendimento, o que torna um político ‘evangélico’ verdadeiramente ‘evangélico’ não é o fato de que ele adiciona a pregação do evangelho nas suas atividades políticas diárias, para fazer esta mais ‘holística’;

mas na verdade, que a sua perspectiva e interesses estejam profundamente formados pela visão e valores que surgem do Evangelho (por exemplo, defendendo o mais vulnerável – que seja uma criança ainda não nascida, o deficiente mental, minorias culturais ou os grupos tribais tiranizados, trabalhando pela reconciliação étnica, e assim por diante).

Também precisamos nos lembrar daquilo que foi tão óbvio para a igreja do primeiro século, mas esquecido na nossa era movida a técnicas. A missão é uma iniciativa divina e não uma empresa humana.

Recobrar o conteúdo do Evangelho em nossas igrejas levará a um questionamento radical de muitas metodologias evangelistas importadas. Somos chamados a sermos testemunhas do presente, apesar de escondido, reino de Jesus Cristo, através da presença e poder do Espírito Santo. Logo, a missão se torna, nas palavras de

‘Acho que a única coisa que pode tornar o Evangelho confiável, a única coisa que torna possível o acreditar que a autoridade máxima sobre o universo todo reside em um homem pregado na cruz, é a companhia de pessoas que vivem uma histórica bíblica para que saibam que esta é como a sua própria história, e como uma pista para toda a história da humanidade.’

Se queremos atentar para o ensino bíblico, então devemos almejar por uma igreja brasileira autêntica, que não seja ela mesma um mito, mas a realidade bíblica de uma missão integral em nossa sociedade.

Que Deus nos ajude a cumprir a missão da Igreja na sua integralidade com a ajuda do Espírito Santo e em nome de Jesus, amém!

As 11 diretrizes para que a obra missionária seja realizada conforme o padrão bíblico

Por: Jânio Santos de Oliveira
Presbítero e professor de teologia da Igreja Assembléia de Deus Taquara - Duque de Caxias- Rio de Janeiro
mensagemdemissoesdopresbjaniosantos.blogspot.com




(Sl 126.6) Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem dúvida, com alegria, trazendo consigo os seus molhos.

 MISSÕES, UM DEVER DA IGREJA
(Mc 4:1,2,3).

4:1 – Outra vez Jesus começou a ensinar junto ao mar, e ajuntou-se grande multidão, de sorte que entrou e assentou-se num barco, afastando-se da praia. E toda a multidão estava em terra à beira-mar, na praia.

Sempre junto às águas havia um barquinho, para que o “Mestre” fizesse de altar. Sempre procura um “barco” disposto para entrar, servir e alimentar a todos.

4:2 – E ensinava-lhes muitas coisas por parábolas, e lhes dizia na sua doutrina:

Havia uma grande multidão em terra à beira do mar… Pronta para ser alimentada da comida espiritual e para ouvir Sua pregação.
Jesus não perdia a oportunidade em nem um momento para semear a “Palavra”.

Semeia a Palavra, não fique desperdiçando tempo, e nem censurando qualquer uma das denominações no mundo. Semeia a Palavra, e não suas próprias idéias e opiniões. Não mostre a si mesmo, mas proclama a “Palavra do Pai” a todos.

Mesmo assim o Todo Poderoso Deus, não conseguia colher frutos 100%, em todos que ouviam a sua Palavra.

Junto às águas: havia toda qualidade de terra…

( Is 32:20) Bem-aventurados vós os que semeais junto a todas as águas; e deixais livres os pés do boi e do jumento.

(Mc 16:15,16) E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.

Todos têm livre arbítrio para crerem ou não no pregador. O pregador semeia a Palavra sem observar o vento, nem as nuvens.

(Ec 11:4 - 6 ) Quem observa o vento, nunca semeará, e o que olha para as nuvens nunca segará.

Assim como tu não sabes qual o caminho do vento, nem como se formam os ossos no ventre da mulher grávida, assim também não sabes as obras de Deus, que faz todas as coisas.

Pela manhã semeia a tua semente, e à tarde não retires a tua mão, porque tu não sabes qual prosperará, se esta, se aquela, ou se ambas serão igualmente boas.

(Is 13; Jr 20.9;Rm. 10.8-17

(I Tm 2.4) Que quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade.

- O desejo de Deus é ver toda a humanidade alcançada pelo Evangelho.

- Mas boa parte da humanidade tem sido cegada pelo inimigo para não chegarem à salvação.

(2 Co 4.4) Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.

- O pecado tem se multiplicado sobre a face da terra, e tem gerado uma humanidade materialista, egoísta, desprovida de moralidade, de justiça, de amor, uma humanidade sem Deus.

A humanidade está angustiada, sofrendo as doenças sintomáticas do inicio deste século. Os homens estão perecendo sem Jesus e sem salvação, necessitando que alguém lhes mostre o Caminho da Salvação, o caminho da vida eterna com Deus.

 A Missão Da Igreja.
Deus escolheu a Igreja que somos nós para realizarmos a grande obra de alcançarmos os pecadores para Cristo. Os anjos queriam fazer esta obra, mas Dês entregou à Sua Igreja essa missão.

(I Pe1.12) Aos quais foi revelado que, não para si mesmos, mas para nós, eles ministravam estas coisas que, agora, vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho, para as quais coisas os anjos desejam bem atentar.

- Esse privilégio, Deus concedeu a Sua Igreja, que somos nós.

- Não devemos olhar como um peso pregar o Evangelho, mas sim como um privilégio de Deus para nós.

A Igreja do Senhor Jesus Cristo tem uma grande missão: Fazer Missões.

- Diante destas estatísticas alarmantes que vemos, e da grande realidade do crescimento de outras religiões no mundo, não podemos cruzar os braços e ficarmos indiferentes, como se isso não é problema meu.

- Dizemos que a obra de Missões está no coração de Deus.

- E deve estar no nosso coração também.

- Nestes versículos de Romanos, a um chamado a responsabilidade para a Igreja do Senhor Jesus Cristo que somos nós.

(V.13) Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
- Lendo assim parece tão fácil alguém chegar a salvação.

(V.14) Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram? E como ouvirão se não há quem pregue?
- Quer dizer, alguém precisa dizer para as pessoas a respeito do seu estado pecaminoso e da salvação em Jesus Cristo, para que elas invoquem o nome do Senhor.

Em Atos 8 o Espírito Santo mandou Felipe pegar o caminho que desce de Jerusalém para Gaza, e chegasse a uma carruagem.

O mordomo-mor de Candace lia o Livro do Profeta Isaías, e Felipe chegou e lhe perguntou: Entendes tu o que lês? E o mordomo-mor respondeu: Como poderei entender, se alguém me não ensinar?

- Felipe estava atento a voz do Espírito Santo de Deus. - Felipe era obediente ao mandado do Senhor.

(V.15) E como pregarão se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam a paz, dos que anunciam coisas boas.

- A missão de cada crente é de pregar o Evangelho do Senhor Jesus.

- E agora tem a missão da Igreja, que também somos nós, de enviar os chamados.

- Alguém precisa pregar.

(Mc 16.15) E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.

- A ordem de Jesus é imperativa e precisamos obedecer.

(At 1.8) Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra.

1- Recebereis poder.
- Missões começam no poder do Espírito Santo.

- Ele é o chefe de missões, porque é Ele quem dirige, motiva, impulsiona e leva a Igreja a cumprir a tarefa missionária.

- Algumas igrejas dizem que tem o poder do Espírito Santo, mas não tem visão missionária.

- É impossível fazer a obra missionária sem o poder do Espírito Santo.

- É impossível haver poder do Espírito Santo sem visão mundial.

- Se olharmos para a história da Igreja, veremos que todas as vezes em que houve um derramamento do Espírito, o resultado final foi um grande movimento de missões mundiais.

- O resultado do derramamento do Espírito Santo no dia de Pentecoste foi a salvação de quase três mil almas; mais adiante, cerca de cinco mil; depois disso um grande movimento missionário.

- Na história dos avivamentos podemos perceber grandes movimentos missionários.

- Se quisermos ver nossa igreja crescendo, o Reino de Deus implantado e o Evangelho sendo pregado em todas as nações, precisamos do poder do Espírito Santo.

A) Veja a manifestação do Espírito Santo na Igreja de Antioquia.

(At 13.1-3) Na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé, e Simeão, chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes, o tetrarca, e Saulo.

E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado.

Então, jejuando, e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram.
- O Espírito Santo os chamou e a igreja de Antioquia os enviou.

(At 10.15) E como pregarão, se não forem enviados? - Existem três maneiras de fazer missões:

1- Orando.

- Através da oração, podemos ser testemunhas em Jerusalém, Judéia, Samaria e no mundo todo.

- A oração move o coração de Deus.

(Mt. 9.38) Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande ceifeiros para a sua seara.

- Através da oração, podemos fazer missões mundiais.

2- Contribuindo.

- Através da nossa contribuição financeira, podemos testemunhar em nossa cidade, estado, país e no mundo todo, porque ela será utilizada para envio e sustento de missionários.

- Devemos contribuir financeiramente, porque é um principio bíblico.

- Quando contribuímos para missões, o nosso crédito é aumentado diante de Deus.

(Fp 4.17) Não que procure dádivas, mas procuro o fruto que aumente a vossa conta.

- Nos dias de hoje, poucas igrejas e poucos crentes, estão contribuindo para missões, por falta de visão.

- Missões é a tarefa básica da igreja e a razão por que ela existe.

- Temos que admitir que todo dia deve ser dia de missões para o crente.

3- Indo.

- Cada crente deve ser um pregador do Evangelho.

- Cada crente é um missionário.

- Muitos têm a chamada de Deus para ficarem em sua cidade.

- Alguns recebem de Deus um chamado especial para o ministério de missões transculturais, isto é, estão dispostos a ir a qualquer parte do mundo pregando o Evangelho.

- A parte da Igreja é de enviar.

- Se todos os crentes fossem comprometidos em pregar o Evangelho, Cristo já teria voltado.

(Mc 13.10) Mas importa que o evangelho seja primeiramente pregado entre todas as nações.

- Deus espera que a Sua Igreja, que somos nós, cumpramos a parte que nos foi confiada.

(Mt 28.19) Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.

Em Atos dos Apóstolos encontramos as primeiras igrejas cumprindo a responsabilidade de executar a Obra Missionária.

Uma amostra disso está no capítulo 13.1-3. Se você já os encontrou em sua Bíblia, então responda as seguintes perguntas:

O texto que você leu conta que a igreja em Antioquia separou e enviou Saulo e Barnabé para fazer a Obra Missionária.

A Igreja é a verdadeira agência missionária, responsável pelo envio e coordenação de qualquer projeto missionário. O ir não deve ser independente do enviar.

Hoje, muitos querem fazer a obra missionária à revelia da Igreja, mas só ela tem a autoridade divina para enviar. A Igreja não pode deixar de exercer essa autoridade.

Você já deve ter compreendido que o enviar não é simplesmente dar uma ordem para que alguém vá a algum lugar; é muito mais. O enviar é uma tarefa, um trabalho, um empreendimento.

Esse aspecto pode ser inferido pelas quatro ações praticadas no versículo.
Além de Saulo e Barnabé exercerem um ministério (v. 1), terem a chamada divina (v.2), a igreja antes de enviá-los: jejuou, orou, impôs-lhes as mãos e os despediu.

O dever de fazer missões é da igreja local, ou igreja mãe, que dá os seus filhos para esta causa nobre. Se quisermos ver o mundo alcançado pelo evangelho então temos que investir nos obreiros que estão no seio da Igreja e enviá-los aos perdidos. Nós queremos dizer com isto que quem envia os missionários é a igreja e não a agência missionária.

Quem avalia o trabalho e a vida do obreiro é a igreja local. A igreja não é uma agência de turismo pronta a satisfazer os propósitos das pessoas. Ela deve ter posições claras sobre as nações não alcançadas, definição dos povos transculturais e acima de tudo priorizar as metas desta obra.

Na parábola do Semeador (parábola missionária), Jesus traça de forma clara o seu ensino sobre mordomia e missões. Como o agricultor espera que a terra lhe produza frutos bons, Deus também espera frutos bons de nossas vidas. As orações levam as igrejas a amarem missões e receberem a inspiração de Deus para terem compaixão do mundo e o resultado será missionários mais fervorosos, com a visão de Deus e cheios de amor pelas almas.

Para que haja continuidade na obra missionária, é necessário que os frutos não se percam. Devemos investir na evangelização do mundo, mas também na consolidação da obra, e essa é a tarefa da igreja que envia os seus missionários.

Essa é a realidade da parábola que ilustra a obra missionária. Nem tudo que for feito prosperará, mas o Senhor recolherá em seu celeiro aqueles frutos colhidos em boa terra.

Para as igrejas das Assembléias de Deus em todo o Brasil foram elaboradas diretrizes com o objetivo de fazer com que o trabalho missionário seja realizado conforme o padrão bíblico.

As diretrizes dizem que às igrejas:

01. Compete selecionar, enviar, sustentar e acompanhar as atividades e ações dos missionários; e que elas:

02. Devem ter ardor missionário, expresso em verdadeiro amor pelas almas perdidas;

03. Devem promover a oração sistemática e intercessória em favor da obra missionária;

03. Devem dar apoio financeiro à obra missionária, isentas de motivação periódica e emoções momentâneas: a captação de recursos financeiros para Missões deve ser sistemática e sacrificial;

04. Devem zelar, com máxima simpatia, pelo missionário e sua família, supervisionando seu trabalho local de modo que, na medida do possível, nada lhe falte de bem pessoal, familiar e conceitual perante a igreja, obreiros, autoridades e sociedade do país a que serve como missionário;

05. Devem evitar insinuações de princípios de ética prática da vida brasileiro-eclesiástica ao missionário, com fins de serem inculcados aos conversos no campo missionário transcultural;

06. Podem associar-se com outras igrejas da Assembléia de Deus para o sustento de um ou mais missionários, desde que determinem responsabilidade de cada uma;

07. Devem registrar seus missionários na SENAMI antes de eles partirem para o campo;

08. Devem comunicar à SENAMI: retorno de missionários, novo local de atividades, mudança de endereço do missionário;

09. Devem solucionar a situação de seus missionários no caso de retomo do campo;

10. Devem evitar problemas que prejudiquem a continuidade do trabalho na Obra Missionária, com a saída de missionários do campo;

11. Devem organizar secretarias de missões para servirem como órgão de apoio de toda a igreja no desempenho das atividades missionárias (5).

Então, há a responsabilidade missionária da Igreja como reunião ou assembléia dos salvos, a responsabilidade coletiva.

Cabe também a cada crente fazer missões. Estudamos na parte COMO FAZER MISSÕES que o crente deve praticar três ações: orar, contribuir e ir porque ele não pode ser um espectador do que acontece no Reino de Deus. Ninguém é salvo por Cristo para ser espectador da sua Obra.

É interessante saber que palavra “crente” vem de um vocábulo original do Novo Testamento traduzido como crer, que significa na verdade: “dar-se sem reservas, uma entrega total”. Quem realmente é crente, não o que se diz crente, é um trabalhador da seara de Deus.

Alguns podem ser chamados para realizar tarefas específicas. Na Bíblia ternos diversos exemplos disso, dos quais mencionaremos alguns.

Abraão foi chamado para ser iniciador de uma grande nação. Jonas deveria ir a Nínive anunciar o juízo de Deus, e Paulo deveria ser enviado aos gentios, ir para além de Israel.

Ao longo da História da Igreja, Deus tem chamado homens e mulheres para realizarem tarefas específicas. Lutero foi levantado para reformar a Igreja; Livingstone foi levantado para missões na África;

John Paton foi levantado para levar o Evangelho às longínquas ilhas do Pacifico; Lilian Tracher foi levantada para cuidar de centenas de crianças no Egito, ao ponto de ser chamada a “Mãe do Nilo”;

Gunnar Vingren e Daniel Berg foram enviados por Deus ao Brasil para pregar o batismo com o Espírito Santo. A todo instante, milhares de crentes estão sendo chamados por Deus para as mais diversas tarefas.

A realização do trabalho missionário pode, também, ser auxiliada por instituições que atuem em nível local como secretarias de missões locais e em nível nacional, nas áreas de conscientização, mobilização, treinamento, assessoramento e informações.

Atuando nessas áreas e no âmbito nacional, as Assembléias de Deus têm a Secretaria Nacional de Missões – SENAMI.

A SENAMI, fundada em 1975, é um departamento da Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil, para promover e incentivar a Obra Missionária nas igrejas e assessorá-las em suas atividades missionárias.

A Secretaria presta informações missiológicas e, através da EMAD, oferece cursos de missões aos crentes em geral e preparo missiológico para os candidatos ao campo missionário.

Cremos que você tenha aprendido suficientemente, em termos teóricos, o que é Missões, onde fazer Missões, como fazer Missões e quem deve fazer Missões.

Na próxima lição, você verá que nos dias atuais a prática de Missões contém desafios tremendos para serem aceitos por todos os crentes.

Que possamos cumprir o ide de Jesus, não deixando de anunciar o Evangelho aos perdidos, para que possamos voltar com alegria trazendo o resultado da colheita.

(Sl 126.5,6) Os que semeiam em lágrimas segarão com alegria.

Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem dúvida, com alegria, trazendo consigo os seus molhos. Amém!

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

A biografia de Hudson Taylor O pai das missões no interior da China

Por: Jânio Santos de Oliveira
Presbítero e professor de teologia da Igreja Assembléia de Deus Taquara - Duque de Caxias- Rio de Janeiro
janio-estudosteolgicos.blogspot.com



O pai das missões no interior da China

(1832-1905)


Tiago Taylor tinha-se levantado cedo de madrugada. Chegara por fim o auspicioso e anunciado dia de seu casamento; o moço ocupava-se em arrumar tudo para receber a noiva na casa que iam ocupar. Enquanto trabalhava, estava meditando sobre as ocorrências recentes na aldeia.

Duas famílias, a dos Cooper e a dos Shaw, converteram-se e convidaram João Wesley a pregar na feira. O velho discursou sobre "a ira vindoura" de tal maneira, que o povo desistiu da amarga perseguição, deixando o intrépido pregador hospedar-se na casa do senhor Shaw.

Enquanto Tiago preparava a casa para a chegada da noiva, ouvia-se a voz da vizinha, a senhora Shaw, cantando. Lembrou-se de como ela, meses antes, passava todo o tempo acamada, gemendo dia após dia por causa do reumatismo que a deixara aleijada.


Mas quando "confiou no Senhor", como disse, para a cura imediata, grande foi a transformação. E indizível foi a surpresa do marido ao voltar a casa: a esposa não somente estava curada e de pé, mas estava varrendo a cozinha!Tiago Taylor odiava a religião. Ainda mais: esse era o dia em que se ia casar.

Depois do casamento iam dançar e beber como se fazia em tais ocasiões. Mas não podia livrar-se das palavras, talvez ouvidas do sermão do pregador: "Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor."

Sim, ia ter uma esposa e assumir as responsabilidades de marido e de pai de família. Grande tinha sido seu descuido. Resolvido, então, a entrar seriamente na vida de casado, começou a repetir as palavras:"Serviremos ao Senhor!"

As horas se passavam. O sol subia mais e mais sobre as casas cobertas de neve. Mas o jovem Tiago, esquecido de tudo que é material, e tomado pela realidade das coisas eternas, permaneceu de joelhos, face a face com Deus. O amor do Salvador, por fim, venceu o seu coração e Tiago Taylor levantou-se com a alma cheia do Senhor Jesus.

Podemos imaginar como os sinos dobraram, como a noiva e os convivas se impacientaram, nesse dia. Já havia passado a hora para o culto de casamento quando o jovem despertou do enlevo com Deus e se levantou da oração. Depois de vestir-se, venceu rapidamente os três quilômetros até o vilarejo de Royston.

Sem perderem tempo em perguntar ao rapaz a razão de tanto atraso, realizou-se o culto, e Tiago e Elisabete saíram da igreja, casados. O jovem não vacilou, mas ao sair contou tudo acerca da sua conversão, ao ouvido de Bete. Ao ouvir o que ele relatava, ela exclamou em tom de desespero: "Casei-me, então, com um desses metodistas!"

Não houve dança nesse dia; a voz e o violino do noivo foram usados para glorificar o Mestre. Bete, apesar de saber em seu coração que Tiago tinha razão, continuou a resistir e a queixar-se dia após dia. Então, certo dia, quando se mostrava ainda mais contrariada, o robusto Tiago levantou-a nos braços e a levou para o quarto, onde se ajoelhou ao seu lado, derramando a sua alma em oração por ela.


Comovida pela profundeza da mágoa e cuidado que Tiago sentia por sua alma, ela começou a sentir também seu pecado e, no dia seguinte, de joelhos, ao lado do marido, Elisabete Taylor clamou a Deus, renunciando a vaidade do mundo e entregando-se a Cristo.É, assim, com os bisavós, que começa a verdadeira biografia do herói da fé, Hudson Taylor. Os avós e os pais, na mesma ordem, criaram seus filhos no mesmo temor de Deus.

Num memorável dia, antes do nascimento de Hudson, o primogênito da família, o pai procurou a sua esposa para conversar sobre uma passagem das Escrituras que o impressionava profundamente. Na sua Bíblia leu para ela uma parte dos capítulos 13 de Êxodo e 3 de Números: "Santifica-me todo o primogênito... Todo o primogênito meu é... Meus serão... Apartarás para o Senhor..."

Os dois conversaram muito tempo sobre o gozo que esperavam ter. Então, de joelhos, entregaram seu primogênito ao Senhor, pedindo que desde já ele o separasse para a sua obra.

Tiago Taylor, o pai de Hudson, não somente orava fervorosamente por seus cinco filhos, mas ensinou-os a pedirem detalhadamente a Deus todas as coisas. Ajoelhados, diariamente, ao lado da cama, o pai colocava o braço ao redor de cada um enquanto orava insistentemente por ele. Desejava que cada membro da família passasse, também, ao menos meia hora, todos os dias, perante Deus, renovando a alma por meio de oração e estudo das Escrituras.

A porta fechada do quarto da sua mãe, diariamente ao meio-dia, apesar das suas constantes e inumeráveis obrigações, tinha também grande influência sobre todos, pois sabiam que ela, assim, se prostrava perante Deus para renovar suas forças e para que o próximo se sentisse atraído ao Amigo invisível que habitava nela.

Não é de admirar, portanto, que, ao crescer, Hudson se consagrasse inteiramente a Deus. O grande segredo do seu incrível êxito é que em tudo que carecia, no sentido espiritual ou material, recorria a Deus e recebia dos tesouros infinitos.

Contudo, não devemos julgar que a mocidade de Hudson Taylor fosse isenta de grandes lutas. Como acontece com muitos, o moço chegou à idade de dezessete anos sem reconhecer Cristo como seu Salvador. Acerca disso ele escreveu mais tarde:"Pode ser coisa estranha, mas sou grato pelo tempo que passei no ceticismo. O absurdo de crentes que professam crer na Bíblia enquanto se comportam justamente como se não existisse tal livro, era um dos maiores argumentos dos meus companheiros céticos.

Freqüentemente afirmava que, se eu aceitasse a Bíblia, ao menos faria tudo para seguir o que ela ensina e no caso de achar que tal coisa não era prática, lançaria tudo fora. Foi essa a minha resolução quando o Senhor me salvou. Acho que desde então realmente provei a Palavra de Deus. Certamente nunca me arrependi de confiar nas suas promessas ou de seguir a sua direção.

"Quero relatar então como Deus respondeu às orações da minha mãe e da minha querida irmã, por minha conversão:

"Certo dia, para mim inesquecível,... para me divertir, escolhi um tratado na biblioteca de meu pai. Pensei em ler o começo da história e não ler a exortação do fim.

"Eu não sabia o que acontecia ao mesmo tempo no coração da minha querida mãe, que estava a mais de cem quilômetros de casa. Ela levantara-se da mesa anelando a salvação de seu filho. Estando longe da família e livre da lida doméstica, entrou no seu quarto, resolvida a não sair antes de receber a resposta às suas orações. Orou hora após hora, até que, por fim, só podia louvar a Deus: o Espírito Santo revelou-lhe que o filho por quem orava já se havia convertido.

"Eu, como já mencionei, fui dirigido ao mesmo tempo a ler o tratado. Fui atraído pelas palavras: A obra consumada. Perguntei-me a mim mesmo: "Por. que o escritor não escreveu: A obra propiciatória? Qual é a obra consumada?" Então vi que a propiciação de Cristo era plena e perfeita. Toda a dívida de nossos pecados ficou paga e não restava coisa alguma que eu fizesse. Então raiou em mim a gloriosa convicção; fui iluminado pelo Espírito Santo, para reconhecer que eu somente precisava de prostrar-me e, aceitando o Salvador e a sua salvação, louvá-lo para todo o sempre.

"Assim, enquanto a minha querida mãe, no seu quarto, de joelhos, estava louvando a Deus, eu também louvava a Deus na biblioteca de meu pai, onde entrara para ler o livrinho."

Foi assim que Hudson Taylor aceitou, para a sua própria vida, a obra propiciatória de Cristo, um ato que transformou todo o resto da sua vida. Acerca da sua consagração, ele escreveu:

"Lembro-me bem da ocasião, quando, com gozo no coração, derramei a alma perante Deus, repentinamente, confessando-me grato e cheio de amor porque Ele tinha feito tudo - salvando-me quando eu não tinha mais esperança, nem queria a salvação.



Supliquei-lhe que me concedesse uma obra para fazer, como expressão do meu amor e gratidão, algo que envolvesse abnegação, fosse o que fosse; algo para agradar a quem fizera tanto para mim. Lembro-me de como, sem reserva, consagrei tudo, colocando a minha própria pessoa, a minha vida, os amigos, tudo sobre o altar.


Com a certeza de que a oferta fora aceita, a presença de Deus se tornou verdadeiramente real e preciosa. Prostrei-me em terra perante Ele, humilhado e cheio de indizível gozo. Para que serviço fora aceito eu não sabia. Mas fui possuído de uma certeza tão profunda de não pertencer mais a mim mesmo, que esse entendimento, depois dominou toda a minha vida".

O moço que entrou no quarto para estar sozinho com Deus nesse dia, não era o mesmo quando dali saiu. Um alvo e um poder se apossaram dele. Não mais ficou satisfeito em somente alimentar a sua própria alma nos cultos; começou a sentir a sua responsabilidade para com o próximo - anelava tratar dos negócios de seu Pai. Regozijava-se com riquezas e bênçãos indizíveis. E, como os leprosos no arraial dos siros, Hudson e sua irmã, Amélia, diziam: Não fazemos bem; este dia é de boas novas, e nos calamos. Desistiram, pois, de assistir aos cultos aos domingos à noite e saíram para anunciar a mensagem, de casa em casa, entre as classes mais pobres da cidade. Mas Hudson Taylor não se sentia satisfeito; sabia que ainda não estava no centro da vontade de Deus.


Na angústia de seu espírito, como aquele da antiguidade, clamou: Não te deixarei ir, se me não abençoares.Então, sozinho e de joelhos, surgiu na sua alma um grande propósito: se Deus rompesse o poder do pecado e o salvasse em espírito, alma e corpo para toda a eternidade, ele renunciaria tudo na terra para ficar sempre ao seu dispor. Acerca desta experiência, foi ele mesmo que se expressou:

"Nunca me esquecerei do que senti então; não há palavras para descrever. Senti-me na presença de Deus, entrando numa aliança com o Todo-poderoso. Pareceu-me que ouvi enunciadas as palavras: Tua oração é ouvida; todas condições são aceitas.' Desde então nunca duvidei da convicção de que Deus me chamava a trabalhar na China."

A chamada de Deus, apesar de Hudson Taylor quase nunca a mencionar, ardia como um fogo dentro do seu coração. Copiamos a seguir o seguinte trecho de uma das cartas enviada a sua irmã:

"Imagina, centenas de milhões de almas sem Deus, sem esperança, na China! Parece incrível; milhões de pessoas morrem dentro de um ano sem qualquer conforto do Evangelho!... Quase ninguém liga importância à China, onde habita cerca da quarta parte da raça humana... Ora por mim, querida Amélia, pedindo ao Senhor que me dê mais da mente de Cristo... Eu oro no armazém, na estrebaria, em qualquer canto onde posso estar sozinho com Deus. E ele me concede tempos gloriosos... Não é justo esperar que V... (a noiva de Hudson) vá comigo para morrer no estrangeiro. Sinto profundamente deixá-la, mas meu Pai sabe qual é a melhor coisa e não me negará coisa alguma que seja boa..."

A falta de espaço não permite relatarmos aqui o heroísmo da fé que o jovem mostrou suportando os sacrifícios e as privações necessárias para cursar a escola de medicina e de cirurgia para melhor servir o povo da China.

Antes de embarcar, escreveu estas palavras à sua mãe: "Anelo estar aí uma vez mais e sei que a senhora quer ver¬me, mas acho melhor não nos abraçarmos um ao outro mais, pois isso seria encontrarmo-nos para logo nos separarmos para todo o sempre..." Contudo a sua mãe foi ao porto de onde o navio se ia fazer à vela. Alguns anos depois ele assim registrou a partida:"A minha querida mãe, que agora está com Cristo, veio a Liverpool para despedir-se de mim. Nunca me esquecerei de como ela entrou comigo no camarote em que eu ia morar quase seis longos meses. Com o carinho de mãe, endireitou os cobertores da pequena cama. Assentou-se ao meu lado e cantamos o último hino antes de nos separar¬mos um do outro. Ajoelhamo-nos e ela orou.


Foi a última oração de minha mãe antes de eu partir para a China. Ouviu-se então o sinal para que todos os que não eram passageiros saíssem do navio. Despedimo-nos um do outro, sem a esperança de nos encontrarmos outra vez... Ao passar o navio pelas comportas, e quando a separação começou a ser realidade, do seu coração saiu um grito de angústia tão comovente, que jamais esquecerei. Foi como que meu cora-ção fosse traspassado por uma faca.


Nunca reconheci tão plenamente até então, o que significam as palavras: Pois assim amou Deus ao mundo. Estou certo de que a minha preciosa mãe, nessa ocasião, chegou a compreender mais do amor de Deus para com um mundo que perece do que em qualquer outro tempo da sua vida. Oh! como se entristece o coração de Deus ao ver como seus filhos fecham os ouvidos à chamada divina para salvar o mundo pelo qual seu amado, seu único Filho sofreu e morreu!"

Os passageiros de navios modernos conhecem muito pouco do incômodo de viajar em navio à vela. Depois de uma das muitas tempestades por que passou o "Dumfries", o nosso herói escreveu: "A maior parte do que possuo está molhado. O camarote do comissário, coitado, inundou-se..." Somente pelas orações e grandes esforços de todos a bordo é que conseguiram salvar as próprias vidas quando o navio, levado por grande temporal, estava prestes a naufragar nas pedras da praia de Gales. A viagem que esperavam realizar em quarenta dias levou cinco meses e meio! Somente em 1 de março de 1854, Hudson Taylor, com a idade de vinte e um anos, conseguiu desembarcar em Shanghai, quando então ele escreveu estas impressões:

"Não posso descrever o que senti ao pisar em terra. Parecia-me que o coração ia estourar; as lágrimas de gratidão e gozo corriam-me pelas faces."Sobreveio-lhe, então, uma grande onda de saudade; não havia amigos, nem conhecidos, nem qualquer pessoa em todo o país para saudá-lo bem-vindo nem mesmo alguém que conhecesse o seu nome.

Nesse tempo a China era terra incógnita, a não ser os cinco portos no litoral, abertos à residência de estrangeiros. Foi na casa de um missionário em Shanghai, um dos cinco portos, que o moço achou hospedagem.

A vitória em todas as variadas provações nesse tempo era devida à característica mais saliente de Hudson Taylor, talvez a de nunca ficar parado na sua obra, fosse qual fosse o contratempo.

Durante os primeiros três meses na China, distribuiu 1.800 Novos Testamentos e Evangelhos e mais de 2 mil livros. Durante o ano de 1855, fez oito viagens - uma de trezentos quilômetros, subindo o rio Yangtzé. Em outra viagem visitou cinqüenta e uma cidades onde nunca antes se ouvira a mensagem do Evangelho. Nessas viagens foi sempre prevenido do perigo que corria a sua vida entre um povo que nunca tinha visto estrangeiros.

Para ganhar mais almas para Cristo, apesar da censura dos demais missionários, adotou o hábito de vestir-se como os chineses. Rapou a cabeça na frente, deixando o resto dos cabelos a formar trança comprida. A calça, que tinha mais de meio metro de folga, ele a segurava conforme o costume, com um cinto. As meias eram de chita branca, o calçado de cetim. O manto pendendo dos ombros, sobressaía-lhe a ponta dos dedos das mãos mais que setenta centímetros.

Mas uma das cruzes mais pesadas que o nosso herói teve de levar foi a falta de dinheiro, quando a missão que o enviara se achava sem recursos.

Em 20 de janeiro de 1858, Hudson Taylor casou-se com Maria Dyer, uma missionária de talento na China. Desse enlace nasceram cinco filhos. A casa em que moraram primeiro, na cidade de Ningpo, tornou-se depois o berço da famosa Missão do Interior da China.

As privações e os encargos de serviço em Shanghai, Ningpo e outros lugares eram tais que Hudson Taylor, antes de completar seis anos na China, foi obrigado a voltar à Inglaterra para recuperar a saúde. Foi para ele quase como que uma sentença de morte quando os médicos informaram-lhe de que nunca mais devia voltar à China.

Entretanto, o fato de perecerem mais de um milhão de almas todos os meses na China era uma realidade para Hudson Taylor; com seu espírito indômito, ao chegar à Inglaterra, iniciou imediatamente a tarefa de preparar um hinário e a revisão do Novo Testamento para os novos convertidos que deixara na China. Usando ainda o traje de chinês, trabalhava tendo o mapa da China na parede e a Bíblia sempre aberta sobre a mesa. Depois de alimentar-se e fartar-se da Palavra de Deus, fitava o mapa, lembrando-se dos que não tinham tais riquezas. Todos os problemas ele os levava a Deus; não havia coisa alguma demasiado grande, nem tão insignificante, que a não deixasse com o Senhor em oração.

Em razão de suas atividades, estava tão sobrecarregado de correspondência e nos trabalhos dos cultos em prol da China, que após a sua chegada passaram-se mais de vinte dias antes de conseguir abraçar seus queridos pais em Bransley.

Passava, às vezes, a manhã, outras vezes a tarde, em jejum e oração. O seguinte trecho que ele escreveu mostra como a sua alma continuou a arder nos seus discursos nas igrejas da Inglaterra, sobre a obra missionária.

"Havia a bordo, entre os companheiros de viagem, cer¬to chinês que se chamava Pedro. Passara alguns anos na Inglaterra, mas, apesar de conhecer algo do Evangelho, não reconhecia coisa alguma do seu poder para salvar. Senti-me ligado a ele e esforcei-me em orar e falar para levá-lo a Cristo. Mas quando o navio se aproximava de Sung-Kiang e eu me preparava para ir a terra, pregar e distribuir tratados, ouvi o grito de um homem que caíra na água. Fui ao convés com os outros - Pedro tinha desaparecido.

"Imediatamente arriamos as velas, mas a correnteza da maré era tal que não tínhamos a certeza do lugar onde o homem caíra. Vi alguns pescadores próximos, que usavam uma rede varredoura. Angustiado clamei:

- Venham passar a rede aqui, pois um homem está morrendo afogado!- Veh bin, foi a resposta inesperada, isto é, "Não é conveniente".

- Não falem se é ou não é conveniente. Venham depres¬sa antes que o homem pereça.

- Estamos pescando.

- Eu sei! Mas venham imediatamente e pagarei bem.

- Quanto nos quer dar?

- Cinco dólares, mas não fiquem conversando. Salvem o homem sem demora!

- Cinco dólares não basta - responderam eles. Não o faremos por menos de trinta dólares.

- Mas não tenho tanto! - darei tudo que eu tenho.

- Quanto tem o senhor?

- Não sei - porém não é mais do que catorze dólares. "Então os pescadores vieram, passaram a rede no lugar indicado. Logo à primeira vez apanharam o corpo do ho-mem. Mas todos os meus esforços para restaurar-lhe a respiração foram inúteis. Uma vida fora sacrificada pela indiferença dos que podiam salvá-la quase sem esforço."

Ao ouvirem contar esta história, uma onda de indignação passou por todo o grande auditório. Haveria em todo o mundo um povo tão endurecido e interesseiro como esse! Mas ao continuar o seu discurso, a convicção feriu ainda mais o coração dos ouvintes.

- "O corpo então tem mais valor que a alma? Censura¬mos esses pescadores, dizendo que foram culpados da mor¬te de Pedro, porque era coisa fácil salvá-lo. - Mas que acontece com os milhões que estamos deixando perecer para toda a eternidade? Que diremos acerca da ordem implícita: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda a criatura? Deus nos diz também: 'Livra os que estão destinados à morte, e os que são levados para a matança, se os puderes retirar. Se disseres: eis que não o sabemos; por¬ventura aquele que pondera os corações não o considerará? e aquele que atenta a tua alma não o saberá? não pagará ele ao homem conforme a sua obra?'

- "Credes que cada pessoa entre esses milhões da Chi¬na, tem uma alma imortal e que não há outro nome debai¬xo do céu, dado entre os homens a não ser o precioso nome de Jesus, pelo qual devamos ser salvos? - Credes que Ele,Ele só, é o Caminho, a Verdade e a Vida e que ninguém vai ao Pai senão por Ele? Se assim o credes, examinai-vos a vós mesmos para ver se estais fazendo todo o possível para levar seu nome a todos.

"Ninguém deve dizer que não é chamado para ir à China. Ao enfrentar tais fatos, todas as pessoas precisam saber se têm uma chamada para ficarem em casa. Amigo, se não tens certeza de uma chamada para continuar onde estás, como podes desobedecer à clara ordem do Salvador, para ir? - Se estás certo, contudo, de estares no lugar onde Cristo quer, não por causa do conforto ou dos cuidados da vida, então estás tu orando como convém a favor dos milhões de perdidos da China? Estás tu usando teus recursos para a salvação deles?"

Certo dia, não muito depois de haver regressado à Inglaterra, Hudson Taylor, ao completar a estatística, veio a saber que o número de missionários evangélicos na China diminuíra em vez de aumentar.


Apesar de a metade da população pagã estar na China, o número de missionários durante o ano tinha diminuído de cento e quinze para somente noventa e um. Começaram a soar aos ouvidos do missionário estas palavras: "Quando eu disser ao ímpio: Certamente morrerás; não avisando tu, não falando para avisar o ímpio acerca do seu caminho ímpio, para salvar a sua vida. aquele ímpio morrerá na sua maldade, mas o seu sangue da tua mão o requererei".

Era um domingo, 25 de junho de 1865, de manhã, à beira mar. Hudson Taylor, cansado e doente, estava com alguns amigos em Brighton. Mas não podendo suportar mais o regozijo da multidão na casa de Deus, retirou-se para andar sozinho nas areias da maré vazante. Tudo em redor era paz e bonança, mas na alma do missionário rugia uma tempestade. Por fim, com alívio indizível, clamou: "Tu, Senhor, tu podes assumir todo o encargo. Com tua chamada, e como teu servo, avançarei, deixando tudo nas tuas mãos."

Assim "a Missão do Interior da China foi concebida na sua alma e todas as etapas do seu progresso realizaram-se por seus esforços. Na calma do seu coração, na comunhão profunda e indizível com Deus, originou-se a missão."Com o lápis na mão, abriu a Bíblia e, enquanto as ondas do vasto mar batiam aos seus pés, escreveu as simples mas memoráveis palavras: "Orei em Brighton pedindo vinte e quatro trabalhadores competentes e dispostos, em 25 de junho de 1865".

Mais tarde, recordando-se da vitória dessa ocasião escreveu:

"Grande foi o alívio de espírito que senti ao regressar da praia. Depois de findar o conflito, tudo era gozo e paz. Parecia que me faltava muito pouco para voar até a casa do senhor Pearse. Na noite desse dia dormi profundamente. A querida esposa achou que a visita a Brighton serviu para renovar-me maravilhosamente. Era verdade!"

O vitorioso missionário, juntamente com a família e os vinte e quatro chamados por Deus, embarcaram em Londres, no "Lammermuir", para a China em 26 de setembro de 1865. O anelante alvo de todos era o de erguer a bandeira de Cristo nas onze províncias ainda não ocupadas da China. Alguns dos amigos os animaram, mas outros disseram: "Todo o mundo ficará esquecido dos irmãos. Sem uma junta aqui na Inglaterra ninguém se importará com a obra por muito tempo. Promessas são fáceis de fazer hoje em dia; dentro de pouco tempo não terão o pão cotidiano".

A viagem levou mais que quatro meses. Acerca de uma das tempestades, um dos missionários escreveu:

"Durante todo o temporal, o senhor Taylor se comportou com a maior calma. Por fim os marinheiros recusaram-se a trabalhar. O comandante aconselhou todos a bordo a amarrarem os cintos de salvação, dizendo que o navio não resistiria à força das ondas mais que duas horas. Nessa altura, o comandante avançou na direção dos marinheiros com o revólver na mão. O senhor Taylor então aproximou-se dele e pediu-lhe que não obrigasse dessa forma os marinheiros a trabalhar.



O missionário dirigiu-se também aos homens e explicou-lhes que Deus ia salvá-los, mas que eram necessários os maiores esforços de todas as pessoas a bordo. Acrescentou que tanto ele como todos os passageiros estavam prontos a ajudá-los, e que, como era evidente, as vidas deles também corriam perigo. Os homens convencidos por esses argumentos começaram a tirar os destroços,ajudados por todos nós; em pouco tempo conseguimos amarrar os grandes mastros, que batiam com tanta força que estavam demolindo um lado do navio".

Foram horas de grande regozijo quando o "Lammermuir", por fim, aportou, com todos sãos a bordo, em Shanghai. Outro navio que chegou logo após, perdera dezesseis das vinte e duas pessoas a bordo!

Os missionários iniciaram o ano de 1867 com um dia de jejum e oração, pedindo, como Jabez, que Deus os abençoasse e estendesse os seus termos. O Senhor os ouviu dando-lhes entrada, durante o ano, em outras tantas cidades! Encerraram o ano com outro dia de jejum e oração. Um culto durou das onze da manhã às três da tarde, sem ninguém se sentir enfadado. Outro culto se realizou às 8,30 da noite quando sentiram ainda mais a unção do Espírito Santo. Continuaram juntos em oração até a meia-noite, quando celebraram a Ceia do Senhor.

No início de 1867, o Senhor chamou Graça Taylor, filha de Hudson Taylor, para o Lar Eterno, quando ela completava oito anos de idade. No ano seguinte, a senhora Taylor e o filho, Noel, faleceram de cólera. Foi assim que se expressou o pai e marido:

"Ao amanhecer o dia, apareceu à luz do sol o que fora ocultado pela luz de vela - a cor característica da morte no rosto da minha esposa. O meu amor não podia ignorar por mais, não somente o seu estado grave, mas que realmente ela estava morrendo. Ao conseguir acalmar o meu espírito, eu lhe disse:

- Sabes, querida, que estás morrendo?

- Morrendo! Achas que sim? Por que pensas tal coisa?

- Posso ver, que sim, querida. As tuas forças estão se acabando.

- Será mesmo? Não sinto qualquer dor, apenas cansaço.

- Sim, estás saindo para a Casa Paterna. Brevemente estarás com Jesus.

"Minha preciosa esposa, lembrando-se de mim e de como eu devia ficar sozinho, em um tempo de tão grandes lutas, privado da companheira com a qual tinha o costume de levar tudo ao trono da graça, disse:- Sinto muito!

Então ela parou, como que querendo corrigir o que dissera, porém eu lhe perguntei:

- Estás triste por causa da partida para estar com Jesus?

"Nunca me esquecerei de como ela olhou para mim e respondeu:

- Oh! não. Bem sabes, querido, que durante mais de dez anos, não houve sombra alguma entre mim e meu Salvador. Não estou triste por causa da partida para estar com Ele, mas me entristeço porque terás de ficar sozinho nessas lutas. Contudo... Ele estará contigo e suprirá tudo o que é mister."

"Nunca presenciei uma cena tão comovente" - escre¬veu o senhor Duncan. - "Com a última respiração da querida senhora Taylor, o senhor Taylor caiu de joelhos, o coração transbordando, e a entregou ao Senhor, agradecendo-lhe a dádiva e os doze anos e meio que passaram juntos. Agradeceu-lhe, também, pela bênção de Ele mesmo a levar para a sua presença. Então, solenemente dedicou-se a si mesmo novamente ao serviço do Mestre.

Não é de supor que Satanás deixasse a Missão do Interior da China invadir seu território com vinte e quatro outros obreiros, sem incitar o povo a maior perseguição. Foram distribuídos em muitos lugares, impressos atribuindo aos estrangeiros os mais horripilantes e bárbaros crimes, especialmente aos que propagavam a religião de Jesus. Alvoroçaram-se cidades inteiras e muitos dos missionários tiveram de abandonar tudo e fugir para escapar com vida.

Quase seis anos depois de o grupo do "Lammermuir" haver desembarcado na China, Hudson Taylor estava novamente na Inglaterra. Durante esse tempo da obra na China, a missão aumentava de duas estações com sete obreiros, para treze estações com mais de trinta missionários e cinqüenta obreiros, estando separadas as estações, uma da outra, na média de cento e vinte quilômetros.

Foi durante essa visita à Inglaterra que Hudson Taylor se casou com Miss Faulding, também fiel e provada missionária na China.
(Continua)
Acerca de Hudson Taylor, nesse tempo, certa pessoa amiga, escreveu:

"O senhor Taylor anunciou um hino, sentou-se ao harmônio e tocou. Não fui atraído por sua personalidade. Era de físico franzino e falou com voz mansa. Como os demais jovens, eu julgava que uma grande voz sempre acompanhava um verdadeiro prestígio. Mas quando ele disse: 'Oremos e nos dirigiu em oração, mudei de parecer; eu nunca ouvira alguém orar como ele. Havia na sua oração uma ousadia, um poder que fez todas as pessoas presentes se humilharem e sentirem-se na presença de Deus. Falava face a face com Deus como um homem com um amigo. Sem dúvida, tal oração era o fruto de longa permanência com o Senhor; era como o orvalho descendo dos céus.


Tenho ouvido muitos homens orarem, mas não ouvi ninguém como o senhor Taylor e o senhor Spurgeon. Ninguém, depois de ouvir como esses homens oravam, pode esquecer-se de tais orações. Foi a maior experiência da minha vida ouvir o senhor Spurgeon, quando tomou, como se fosse a mão do auditório de seis mil pessoas e as levou ao Santo dos Santos. E ouvir o senhor Taylor rogar pela China era reconhecer algo do que significa a súplica fervorosa do justo. "

Foi em 1874 quando, com a esposa, subiam o grande rio Yangtze e ele meditava sobre as nove províncias que se estendiam dos trópicos de Burma ao planalto de Mongólia e as montanhas de Tibete, que Hudson Taylor escreveu:

"A minha alma anseia, e o coração arde pela evangelização de centenas de milhões de habitantes dessas províncias sem obreiros. Oh! se eu tivesse cem vidas a dar ou gastar por eles!"

Mas, no meio da viagem, receberam notícias da morte da fiel missionária Amélia Blatchley, na Inglaterra. Ela não somente cuidava dos filhos do senhor Taylor, mas também servia como secretária da Missão.

Grande foi a tristeza de Hudson Taylor ao chegar à Inglaterra e achar não somente os seus queridos filhos separados e espalhados, mas a obra da Missão quase paralisada. Mas isso não foi ainda a sua maior tristeza. Na sua viagem pelo rio Yangtze, o senhor Taylor, ao descer a escada do navio, levou uma grande queda, caiu sobre os calcanhares e de tal maneira que o choque ofendeu a espinha dorsal. Depois que chegou à Inglaterra o incômodo da queda agravou-se até ele ficar acamado. Sobreveio-lhe então a maior crise da sua vida, justamente quando havia maior necessidade de seus esforços. Completamente paralítico das per¬nas, tinha de passar todo o tempo deitado de costas!

Uma pequena cama era a sua prisão; é melhor dizer que era a sua oportunidade. Ao pé da cama, na parede, estava afixado um mapa da China. E ao redor dele, de dia e de noite, estava a presença divina.

Aí, de costas, mês após mês, permaneceu o nosso herói, rogando e suplicando ao Senhor a favor da China. Foi-lhe concedida a fé para pedir que Deus enviasse dezoito missionários. Em resposta aos seus apelos para oração, escritos com a maior dificuldade e publicados no jornal, sessenta moços responderam de uma vez. Dentre eles, vinte e quatro foram escolhidos. Ali, ao lado do leito, ele iniciou aulas para os futuros missionários e ensinou-lhes as primeiras lições da língua chinesa - e o Senhor os enviou para a China.

Lê-se o seguinte acerca de como o missionário inutilizado em corpo, nesse tempo, ficou bom:

"Ele foi tão maravilhosamente curado, em resposta à oração, que podia cumprir com um incrível número de suas obrigações. Passou quase todo o tempo das férias, com seus filhos em Guernsey, escrevendo. Durante os quinze dias que passou ali, apesar de desejar compartilhar da delícia da linda praia, com seus filhos, saiu com eles ape¬nas uma vez. Mas as cartas que enviou para a China e outros lugares valiam mais do que ouro."

Certo missionário assim escreveu acerca de uma visita que lhe fez na China:

"Nunca me esquecerei do gozo e da amável maneira com que me saudou. Conduziu-me logo para o 'escritório' da Missão do Interior da China. Devo dizer que foi para mim uma surpresa, ou choque, ou ambas as coisas. Os 'móveis' eram caixotes. Uma mesa estava coberta de inú¬meros papéis e cartas. Ao lado do lume havia uma cama, bem arrumada, tendo um pedaço de tapete a servir de cobertor. Nessa cama o senhor Taylor descansava de dia e de noite.

"O senhor Taylor, sem qualquer palavra de desculpa, deitou-se na cama e travamos a palestra mais preciosa da minha vida. Toda a idéia que eu tinha das qualificações para ser um 'grande homem' foi completamente mudada; não havia nele coisa alguma do espírito de superioridade.


Vi nele o ideal de Cristo, da verdadeira grandeza, tão evidente que permanece ainda no meu coração, através dos anos, até o presente momento. Hudson Taylor reconhecia profundamente que, para evangelizar os milhões da China, era imperioso que os crentes na Inglaterra mostrassem muito mais de abnegação e sacrifício. - Mas como podia ele insistir em sacrifício sem primeiramente praticá-lo na sua própria vida? Assim ele, deliberadamente, cortou da sua vida toda a aparência de conforto e luxo.

"Nas viagens pelo interior da China, ele, invariavelmente, se levantava para passar uma hora com Deus antes de clarear o dia, às vezes, para depois dormir novamente. Quando eu despertava para alimentar os animais, sempre o achava lendo a Bíblia à luz de vela. Fosse qual fosse o ambiente ou o barulho nas hospedarias imundas, não descuidava o hábito de ler a Bíblia. Geralmente em tais viagens, orava de bruços, porque lhe faltavam as forças para permanecer tanto tempo de joelhos.

- Qual será o assunto do seu discurso, hoje? - pergun¬tou-lhe certo crente que viajava com ele, de trem.

- Não tenho certeza; ainda não tive tempo de resolver, respondeu-lhe Hudson Taylor.

- Não teve tempo! - exclamou o homem. - Ora, que faz o senhor a não ser descansar depois de assentar-se aí?

- Não conheço o que seja descansar. - foi a resposta calma que ele deu.

"Depois de embarcarmos em Edinburgo, passei todo o tempo orando e levando todos os nomes dos membros da Missão do Interior da China, e os problemas de cada um, ao Senhor."

Está além da nossa compreensão como no meio de uma das maiores obras de evangelização de toda a história, ele podia dizer:"Nunca fomos obrigados a abandonar uma porta aberta, por falta de recursos. Apesar de muitas vezes gastarmos até o último pêni, a nenhum dos obreiros nacionais nem a nenhum dos missionários, faltou o prometido 'pão' cotidiano. Os tempos de provações são sempre tempos abençoados e o que é necessário nunca chega demasiado tarde."

Outro segredo do seu grande êxito de levar a mensagem de salvação ao interior da China era a determinação de que a obra não somente continuasse com caráter internacional, mas também, Interdenominacional - que aceitasse missionários dedicados a Deus, de qualquer nação e de qualquer denominação.

Em 1878, ao regressar de uma viagem, começou a orar pedindo que Deus enviasse mais trinta missionários antes de findar o ano de 1879. Diremos, ao lembrarmo-nos do dinheiro necessário para pagar as passagens e sustentar tantas pessoas, que a sua fé era grande. Pois bem, vinte e oito pessoas, com os corações acesos pelo desejo de salvação dos perdidos na China, confiando em Deus para o seu sustento cotidiano, embarcaram antes de findar o ano de 1878 e mais seis em 1879.

Conversando com um companheiro de lutas, na cidade de Wuchang, Hudson Taylor começou a enumerar os pontos estratégicos em que deviam começar logo a evangelizar os dois milhões de habitantes do vale do grande rio Yangt-ze e o do seu tributário, o rio Hã. Com menos de cinqüenta ou sessenta novos obreiros, a Missão não podia dar tal passo - e a própria Missão não tinha mais de um total de cem! Contudo, a Hudson Taylor foi dada a fé de pedir outros setenta - lembrado das palavras: "Designou o Senhor ainda outros setenta".

"Reunimo-nos hoje para passar o dia em jejum e oração" - escreveu Hudson Taylor em 30 de junho de 1872. - "O Senhor nos abençoou grandemente... Alguns passaram a maior parte da noite em oração... O Espírito Santo nos encheu até nos parecer ser impossível receber mais sem
morrer."

Em certo culto, durante quase duas horas, louvaram ininterruptamente a Deus pelos setenta obreiros já recebidos - pela fé. E, em realidade, foram recebidos mais do que setenta, e dentro do prazo marcado.

O Senhor conduziu a Missão, pouco a pouco para uma visão ainda mais larga - levou os obreiros a pedirem ao Senhor outros cem, em 1887. Assim, disse o senhor Stephen-son: "Se me mostrassem uma foto de todos os cem, batida aqui na China, não seria mais real do que realmente é."

Contudo, Hudson Taylor não iniciou precipitadamente o programa de orar e se esforçar para receber mais cem missionários. Como sempre, devia ter certeza da direção de Deus antes de resolver orar e se esforçar para alcançar o alvo.

Seis vezes mais do que o número que pediram, se ofereceram para ir! Mas, a Missão rejeitou fielmente a todos que não concordaram com os princípios declarados desde o início. Assim, exatamente o número pedido embarcou para a China. - Não foram cento e um, nem noventa e no¬ve, mas exatamente cem.

Depois da visita de Hudson Taylor ao Canadá, aos E.U.A. e à Suécia em 1888 e 1889, a Missão do Interior da China gozou de um dos maiores impulsos para avançar em todos os anais da história de missões. Assim escreveu depois, o nosso missionário, acerca do que lhe pesava grandemente no coração durante toda a sua visita à Suécia:

"Confesso-me envergonhado de que, até essa ocasião, nunca tinha meditado sobre o que o Mestre realmente queria dizer ao mandar pregar o Evangelho 'a toda a criatura'. Esforcei-me durante muitos anos, como muitos outros servos de Deus, para levar o Evangelho aos lugares mais distantes; planejei alcançar todas as províncias e muitos dos distritos menores da China, sem compreender o sentido evidente das palavras do Salvador.

"'a toda a criatura'? O número total de comunicantes entre os crentes da China não excedia quarenta mil. Se houvesse outro tanto de aderentes, ou mesmo três vezes mais, e se cada um levasse a mensagem a oito de seus patrícios - mesmo assim, não alcançariam mais de um milhão. 'a toda a criatura'! as palavras abrasavam-lhe o íntimo da alma. Mas como a Igreja, e eu mesmo, falhávamos em aceitá-las justamente como Cristo queria! Isso eu percebi então; para mim havia apenas uma saída, a de obedecer.

"Qual será a nossa atitude para com o Senhor Jesus Cristo quanto a essa ordem? Suprimiremos o título Penhor', que lhe foi dado, para reconhecê-lo apenas como nosso Salvador? Aceitaremos o fato de Ele tirar a penalidade do pecado, e recusaremos a confessarmo-nos.


Comprados por bom preço, e que Ele tem o direito de esperar a nossa obediência implícita? Diremos que somos os nossos próprios senhores, prontos a conceder-lhe apenas o que lhe é devido, a Ele que comprou-nos com seu próprio sangue, com a condição de Ele não pedir demasiado? As nossas vidas, os nossos queridos, as nossas possessões são somente nossas, não são dele? Daremos o que acharmos conveniente e obedeceremos à sua vontade somente se Ele não nos pedir demasiado sacrifício? Estamos prontos a deixar Jesus Cristo nos levar aos céus, mas não queremos que esse homem 'reine sobre nós'?

"O coração de todos os filhos de Deus rejeitará, certamente uma afirmação assim formulada. Mas não é verdade que inumeráveis crentes, em todas as gerações, se comportaram tal como se isso fosse a base própria para suas vidas? São poucas as pessoas entre o povo de Deus que reconhecem a verdade de que, ou Cristo é o Senhor de tudo, ou então não é Senhor de coisa alguma! Se somos nós que julgamos a Palavra de Deus, e não a Palavra que nos julga; se concedemos a Deus somente o quanto quisermos então somos nós os senhores e Ele o nosso devedor e, conseqüentemente, Ele deve ser grato pela esmola que lhe concedemos; deve sentir-se obrigado por nossa concordância aos seus desejos. Se, ao contrário, Ele é Senhor então tratemo-lo como Senhor: 'E por que me chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo?'"

Foi assim que Hudson Taylor, sem esperar, alcançou a mais larga visão da sua vida, a visão que dominou a última década de seu serviço. Com os cabelos já grisalhos, após cinqüenta e sete anos de experiência, enfrentou o novo sentido de responsabilidade com a mesma fé e confiança que o caracterizavam quando era mais novo. Sua alma ardia ao meditar nos alvos antigos! Ficou ainda mais firme ao executar a visão de outrora!

Foi assim que sentiu a direção de unificar todos os grupos evangélicos, que trabalhavam na evangelização da China, para orarem e se esforçarem para aumentar o número de missionários, enviando-se à China outros mil, dentro de cinco anos. O número exato enviado à China du¬rante esse prazo, foi de mil cento e cinqüenta e três!

Não é, pois, de admitir que as forças físicas de Hudson Taylor começassem a faltar, não tanto pelas privações e cansaço das viagens contínuas, nem pelos esforços incansáveis em escrever e pregar, nem pelo peso das grandes e inumeráveis responsabilidades de dirigir a Missão do Interior da China. Os que o conheciam intimamente sabiam que era um homem gasto de tanto amar.

A gloriosa colheita de almas na China aumentava cada vez mais. Mas a situação política do país piorava dia após dia até culminar na Carnificina dos Boxers, no ano de 1900, quando centenas de crentes foram mortos. Somente da China Inland Mission pereceram cinqüenta e oito missionários, e vinte e um de seus filhos.

Hudson Taylor, com a sua esposa, estavam novamente na Inglaterra, quando começaram a chegar telegrama após telegrama avisando-os dos horripilantes acontecimentos na China; aquele coração que tanto amava a cada missionário, quase cessou de pulsar. Acerca desse acontecimento assim se manifestou: "Não sei ler, não sei pensar, nem mesmo sei orar, mas sei confiar."

Certo dia, alguns meses depois, Hudson Taylor, com o coração transbordante e as lágrimas correndo-lhe pelas faces, estava contando o que lera em uma carta que acabara de receber de duas missionárias, escrita um dia antes de elas morrerem nas mãos dos boxers. Eis o que ele disse:

"Oh! o gozo de sair de tal motim de pessoas enfurecidas para estar na sua presença, para ver o seu sorriso!" Quando pôde continuar, acrescentou: "Elas agora não estão arrependidas. Têm a imperecível coroa! Andam com Cristo em vestes brancas, porque são dignas".

Falando acerca de seu grande desejo de ir a Shanghai, para estar ao lado dos refugiados, ele disse: "Não sei se poderia ajudá-los, mas sei que me amam. Se pudessem chegar-se a mim nas tristezas para chorarmos juntos, ao menos poderiam ter um pouco de conforto." Mas ao lembrar-se de que tal viagem lhe era impossível por causa da saúde, a sua tristeza parecia maior do que podia suportar.

Apesar de sentir profundamente a sua incapacidade para trabalhar como de costume, achou grande conforto em estar com a sua esposa, a qual tanto amava. Findara o tempo em que deviam passar longos meses e anos separados um do outro, nas lutas em tantos lugares.

Foi em 30 de julho de 1904 que sua esposa faleceu. "Não sinto nada de dor, nada de dor", dizia ela, apesar da ânsia em respirar. Então, de madrugada, percebendo a angústia de espírito do seu marido, pediu-lhe que orasse rogando ao Senhor que a levasse logo. Foi a oração mais difícil da vida de Hudson Taylor, mas por amor dela, ele orou pedindo a Deus que libertasse o espírito da sua esposa. Logo que orou, dentro de cinco minutos cessou a ânsia e não muito depois ela adormeceu em Cristo.

A desolação de espírito de Hudson Taylor sentiu depois da partida da sua fiel companheira era indescritível. Todavia, achou indizível paz nesta promessa: "A minha graça te basta." Começou a recuperar as forças físicas e na primavera fez a sua sétima viagem aos E.U.A. Daí fez a últi¬ma viagem à China, desembarcando em Shanghai em 17 de abril de 1905.

O valente líder da Missão, depois de tão prolongada ausência, foi recebido em todos os lugares com grandes manifestações de amor e estima da parte dos missionários e crentes, especialmente dos que escaparam dos intraduzíveis espetáculos da insurreição dos Boxers.

Em Chin-Kiang, o veterano missionário visitou o cemitério onde estão gravados os nomes de quatro filhos e o da esposa. As recordações eram motivo de grande gozo, isto é, o dia da grande reunião se aproximava.

No meio da viagem, quando visitava as igrejas na China, sem ninguém esperar, nem ele mesmo, findou a sua carreira na terra. Isso aconteceu na cidade de Chang-sha em 3 de junho de 1905.

Sua nora contou o seguinte, sobre esse acontecimento:"O querido papai estava deitado. Como sempre gostava de fazer, tirou as cartas, dos queridos, da sua carteira e as estendeu sobre a cama.


Baixou-se para ler uma das cartas perto do candeeiro aceso colocado na cadeira ao lado do leito. Para que ele não se sentisse demasiadamente incomodado, puxei outro travesseiro e o coloquei por baixo da sua cabeça e assentei-me numa cadeira ao seu lado.



Mencionei as fotografias da revista, Missionary Review, que estava aberta sobre a cama. Howard tinha saído para ir buscar algo para comer, quando papai, de repente, virou a cabeça e abriu a boca como se quisesse espirrar. Abriu a boca a segunda, e a terceira vez. Não clamou; não pronunciou qualquer palavra.


Não mostrou qualquer dificuldade para respirar - nada de ânsia. Não olhou para mim, e não parecia cônscio... Não era a morte, era a entrada na vida imortal. Seu semblante era de descanso e sossego. Os vincos do rosto feitos pelo peso da luta de longos anos pareciam haver desaparecido em poucos momentos. Parecia dormir como criança no colo da mãe; o próprio quarto parecia cheio de indizível paz."

Na cidade de Chin-Kiang, à beira do grande rio que tem a largura de mais de dois quilômetros, foi enterrado o corpo de Hudson Taylor.As cartas de condolências recebidas de fiéis filhos de Deus no mundo inteiro. Emocionante foram os cultos celebrados em vários países, em sua memória. Impressionantes foram os artigos e livros impressos acerca das suas vitórias na obra de Deus. Mas as vozes mais des¬tacadas, as que Hudson Taylor apreciaria mais, se pudesse ouvi-las, eram as das muitas crianças chineses, que, cantando louvores a Deus, deitaram flores sobre o seu túmulo.

Esta é mais uma das tantas biografias que enchem os nossos olhos de lágrimas e nos impõe o desejo de ir aos campos de missões anunciar a Jesus.

Aprenda as dicas de como matar ou manter um missionário

Por: Jânio Santos de Oliveira
Presbítero e professor de teologia da Igreja Assembléia de Deus Taquara - Duque de Caxias- Rio de Janeiro
janio-estudosteolgicos.blogspot.com



Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus, a Paz do Senhor!

*
Parece até uma ironia! Pois jamais um cristão verdadeiro iria imaginar matando um missionário, mas, infelizmente é isso que a maioria está fazendo quando pratica o seguinte:

10 Maneiras práticas de como matar um missionário

1 – Comece deixando de orar por ele...

2 – Na igreja, passe a plantar fofocas e intrigas, a respeito dele, assim cada um se preocupará com banalidades e se esquecerá da obra a ser realizada...

3 – Se você for pastor, jamais pregue a respeito de missões, afinal este responsabilidade não é sua...

4 – Sinta muita vontade de escrever, mas nunca escreva, afinal você "não sabe" e "não tem tempo" !

5 – Se por acaso não resistir a tentação de escrever, escreva, mas sempre cobrando dele alguma coisa, por exemplo: quantas almas ganhou?

6 – Esqueça datas importantes, como o aniversário de nascimento dele, da esposa e dos filhos...

7 – Nunca demonstre seu amor por ele...

8 – Nunca envie uma mensagem de ânimo, afinal todo missionário é um "super crente" e, portanto, não precisa dessas coisas...

9 – Mantenha o seguinte pensamento: todo missionário precisa passar fome para atingir o "êxtase espiritual" como se ele fosse um guru indiano...

10 – Pare imediatamente de contribuir financeiramente, pois além das sua prioridades você já viu em algum lugar a expressão: "o missionário vive pela fé"... Se você acha muito trabalhoso praticar todas estas sugestões, então escolha apenas duas ou três e em breve o missionário estará morto

COMO OS CRISTÃOS INVESTEM O PRÓPRIO DINHEIRO?

AS PESQUISAS MOSTRAM QUE:

GASTAM mais com CHICLETES do que com MISSÕES

GASTAM mais com REFRIGERANTES E BALAS do que com MISSÕES

GASTAM mais com COSMÉTICOS DE LIMPEZA do que com MISSÕES

GASTAM mais com COMIDA SUPÉRFLUA do que com MISSÕES

GASTAM mais com ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO do que com MISSÕES

GASTAM mais com ROUPAS DE ETIQUETA do que com MISSÕES

UM ELETRODOMÉSTICO que um cristão compra à vista, na maioria dos casos CUSTA MAIS do que a oferta dada para MISSÕES DURANTE 5 ANOS por ele.

Os cristãos estão dando para MISSÕES, MENOS do que o valor equivalente a uma COCA-COLA diária.

Como podemos dizer que amamos a obra missionária, se MISSÕES é o nosso MENOR investimento? A questão é: vamos ou não DEIXAR DEUS nos usar?

PARA VOCÊ REFLETIR:

Certo fazendeiro vendo a necessidade e carência de sua comunidade pensou em fazer algo que amenizasse o sofrimento dos desfavorecidos, mas ao mesmo tempo viu que era impossível fazer tudo sozinho. Então ele resolveu reunir os fazendeiros vizinhos para expressar-lhes o desejo do seu coração.

Como realmente seria difícil para uma pessoa ajudar a tantas carentes;
assim, o meditar na proposta do fazendeiro, os outros se propuseram a fazer o seguinte:

A cada manhã, quando fossem tirar o leite, separariam um litro e o colocariam num tonel que estaria em um lugar de livre acesso a todos. No final do dia, ele pegaria o tonel e distribuiria o leite com a comunidade carente. A aprovação foi geral e todos seguiram para suas casas com o projeto de iniciarem o planejamento.

No dia seguinte, o fazendeiro colocou o tonel no lugar combinado e foi cuidar de seus afazeres. Ao findar do dia, para sua grande surpresa verificou que no tonel ao invés de leite estava cheio de água. O fazendeiro ficou perplexo, e nada compreendeu.

Então ele tocou o sino e reuniu todos os outros para descobrir o que havia ocorrido, pois esperava encontrar leite e não água. Ao perguntar aos fazendeiros, alguém levantou a mão e confessou que realmente ele tinha errado porque sabia que cada pessoa colocaria um litro de leite, e logo não faria diferença se ele colocasse um litro de água ou de leite. Mas todos pensaram a mesma coisa. Cada um esperava que o outro fosse cumprir a sua parte e ao final, todos, pensando nisso, colocaram água, ao invés de leite.

Não parece o mesmo paralelo quando se refere a ajudar em oração e no sustento missionário?
O resultado é: Missionários não são enviados; Nações não são conquistadas e 85.000 pessoas morrem a cada dia sem nunca terem ouvido a respeito de Jesus Cristo.

Você gostaria de ver esse quadro mudado?
Então lembre-se sempre:
Missões se faz...

Com as vidas dos que vão...

Com os joelhos dos que oram..

Com as mãos dos que dão.

Há 24.000 povos no mundo. Ainda faltam 8.000 para serem alcançados.
Há 6.287 línguas no mundo e 4.000 delas não tem nenhuma porção da Palavra de Deus.

Quer ver a sua igreja envolvida com a obra missionária?

Em que continente estão localizados a maioria dos países menos evangelizados do mundo ?
Aproximadamente quantos grupos étnicos no mundo ainda não foram alcançados pelo Evangelho ?
O que é a Cortina Verde ?

Bom, infelizmente se você não conseguiu responder a pelo menos duas destas perguntas, o seu grau de informação sobre missões esta na UTI. Como anda o envolvimento de sua igreja com a obra missionária no mundo ?

Existem várias maneiras de manter a sua igreja informada e envolvida sobre o que acontece no mundo missionário. Uma delas é a formação de um Conselho Missionário.

Mas o que é um Conselho Missionário ?

É um grupo de membros, sob a direção do corpo pastoral, que tem por objetivo orientar, mobilizar e administrar as decisões missionárias da igreja local.

O Conselho Missionário funciona como o órgão da Igreja que facilita o envolvimento da mesma com a obra missionária, seja na seleção e envio de missionários, ou no apoio e sustento de novas frentes.

Este grupo de pessoas empenha-se na tarefa de manter a igreja informada, e atualizada sobre o que está acontecendo no mundo, não apenas três vezes por ano durante as campanhas de missões, mas sim, semanalmente.

Para isto podem ser usados vários meios, e os próprios missionários com quem a igreja mantém contato funcionam como excelente fonte de informação.

Quais devem ser os objetivos do Conselho Missionário ?

1. Dar visão ao ministério de missões dentro da igreja;

2. Providenciar as ferramentas adequadas para um efetivo e crescente ministério de missões;

3. Funcionar como facilitador das decisões da igreja referentes a missões;

4. Sugerir critérios para envio e sustento de missionários;

5. Apoiar o corpo missionário da igreja, funcionando como elo entre o mesmo e a igreja.

Quem pode fazer parte do Conselho Missionário ?

Qualquer membro da igreja pode participar, entretanto existem alguns critérios que devem ser observados na escolha do membro. Os membros do conselho :

1. Devem ser cheios do Espírito Santo;

2. Devem ter visão missionária;

3. Devem ser treinados;

4. Devem ter mandato de pelo menos 3 anos, com renovações anuais. (Não há necessidade, em princípio, de existir restrições a reeleições de membros).

5. Devem ter consciência da importância da atividade do conselho missionário

Como trabalhar ?

Geralmente o CM trabalha divido em comissões de trabalho. Isto facilita a divisão de tarefas e focaliza áreas específicas a serem supridas. São algumas áreas importantes que devem ser cobertas :

a. Oração

• Objetivo: Despertar, motivar e manter um movimento de oração pró-missões.

• Atividades :

• Organizar reuniões e campanhas de oração para todos os membros da igreja.

• Preparar um calendário de oração, confeccionar a página de oração dominical da igreja, preparar e decorar a sala de oração dominical da igreja.

b. Promoção e Eventos Missionários

• Objetivo : Despertar e divulgar o movimento de missões na igreja, através de informações, congressos, campanhas e outros meios que proporcionem o envolvimento da igreja com a obra de missões.

• Atividades :

• Elaboração de boletins, confecção de cartazes e mapas, apresentação de gráficos e estatísticas, promoção de campanhas missionárias, organização do congresso de missões e conferências missionárias.

c. Assistência Ministerial

• Objetivo : Acompanhar o trabalho do corpo de missionários, providenciado-lhes a assistência necessária, facilitando o contato entre missionário e igreja, e vice-versa.

• Atividades :

• Catalogar e manter atualizado o banco de dados do corpo de missionários da igreja e apoiados pela igreja, promover a comunicação entre a igreja e o missionário, divulgar suas cartas, necessidades e pedidos de oração, corresponder-se e motivar a igreja a corresponder-se com seus obreiros, divulgar as datas de aniversário e endereços. Confeccionar e manter um mural missionário.

d.Treinamento

• Objetivos : Selecionar, orientar, treinar e acompanhar candidatos ao campo missionário.

• Atividades :

• Desenvolver um programa de avaliação e orientação do candidato através de literatura, seminários, participação em atividades da igreja, bem como em suas congregações. Estabelecer critérios para envolvimento do candidato com as atividades missionárias da igreja, proporcionando treinamento e atividades práticas.

e. Ensino e Estratégias de Missões

• Objetivo :

• •Ensino – Ajudar a igreja a conhecer profundamente as implicações da obra missionária e sua fundamentação bíblica.

• •Estratégias – Definir áreas-alvo em que a igreja irá concentrar seus esforços e estratégias que serão usadas para alcançar estas áreas.

• Atividades :

• Cursos e seminários de missões, aplicações de conteúdo missionário nas classes da E.B.D. e demais departamentos da igreja. Buscar informações sobre povos não alcançados, e áreas mais necessitadas. Pesquisar possibilidades de acesso e informações sobre culturas e costumes.

f. Finanças

• Objetivos : Levantar, planejar e controlar finanças para o sustento missionário.

• Atividades :

• Administrar o Fundo Missionário, promover a Oferta Missionária da Fé, motivar a igreja criando estratégias de envolvimento financeiro com a obra missionária.

Claro que isto é apenas o resumo das atividades deste conselho, e apenas o primeiro passo a ser dado. A simples criação deste, não tornará sua igreja um igreja missionária. Isto só começará a acontecer, quando em seu coração você se tornar um.

Lembre-se: Missões não é exclusividade de uns apenas, é de todos.

“O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei.” “Isto vos mando: Que vos ameis uns aos outros.” Jo 15.12,17

Que Deus nos abençoe, amém!